Planeta Terra pode ter calor recorde nos próximos cinco anos

Nos próximos cinco anos, as temperaturas globais devem bater a marca dos registros atuais por causa dos gases que causam o efeito estufa e do fenômeno El Niño, aquecimento natural da porção central e leste do oceano Pacífico Equatorial, que está previsto para o segundo semestre de 2023.

Temperaturas globais devem subir a níveis recordes nos próximos cinco anos (Ilustração: Getty Imagens)

O alerta é da Organização Meteorológica Mundial, OMM. Em relatório, divulgado nesta quarta-feira, 17 de maio, a agência da ONU afirma que existe 98% de chance de um, dentre os próximos cinco anos, ser o mais quente desde o início de registros das temperaturas globais.

Conhecido como Atualização Global Anual para Decadal do Clima, o relatório é produzido pela agência da ONU em parceria com especialistas do Reino Unido.

Patamares desconhecidos


O secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, disse que o relatório não significa que a humanidade estará permanentemente excedendo a marca de 1.5°C, especificada no Acordo de Paris sobre Mudança Climática, mas sim um alarme de que este limite será rompido com maior frequência, no futuro.

O documento aponta uma probabilidade de 66% da temperatura média anual próxima à superfície terrestre ultrapassar os níveis pré-industriais de 1.5°C por pelo menos um ano, entre os anos de 2023 e 2027.

Um outro fator é que o fenômeno El Niño, que deve evoluir nos próximos meses, apareça num cenário de combinação de mudança climática induzida por seres humanos que levará as temperaturas globais para patamares desconhecidos.

Mundo precisa estar preparado


O relatório também aponta para o aquecimento do Ártico que poderá ser três vezes mais alto que a média global.

Taalas acredita que esse quadro poderá causar impactos sobre a saúde, segurança alimentar, gerenciamento de mananciais de água e meio ambiente. E somente por isso, o mundo precisa estar preparado.

Em 2022, a média de temperatura global foi de 1.15°C acima da média de 1850-1900.

A influência de resfriamento induzido pelo fenômeno La Niña* sobre a maior parte dos últimos três anos controlou, temporariamente, uma tendência de aquecimento a longo prazo.

*O La Niña é a situação oceânica oposta ao El Niño, e é caracterizado pelo resfriamento da água da porção central e leste do oceano Pacífico Equatorial. A água do oceano nesta região fica com temperatura abaixo da média por vários meses consecutivos.  O último La Niña foi excepcionalmente longo e atuou nos anos de 2020, 2021 e 2022.

Padrões de precipitação


Mas o La Niña acabou em março. E o El Niño, geralmente, leva a um aumento das temperaturas globais no ano seguinte à sua formação, e esta conta fecha em 2024.

Comparado ao período de 1991-2020, a anomalia da temperatura provocada pelo aquecimento do Ártico é esperada para ser mais de três vezes maior. Esse aquecimento está sendo desproporcionalmente mais alto.

Os padrões de precipitação previstos para maio a setembro de 2023 a 2027 se comparados a 1991-2020 sugerem um aumento de chuvas no Sahel, no norte da Europa, no Alasca e no norte da Sibéria. E uma redução da estação de chuva para a Amazônia e partes da Austrália.

Acordo de Paris


Além do aumento das temperaturas globais, a produção de gases induzidos por mãos humanas está levando a mais aquecimento e acidificação dos oceanos. Outra consequência é o derretimento de geleiras e gelo do mar, assim como aumento do nível do mar e temperaturas mais extremas.


O Acordo de Paris estabelece objetivos de longo prazo que possam direcionar todos os países para, substancialmente, reduzirem as emissões de gases que causam o efeito estufa limitando o aumento da temperatura neste século a 2°C para evitar ou reduzir os impactos adversos e perdas e anos que ocorrerão deste quadro.

O novo relatório da OMM está sendo divulgado antes do Congresso Meteorológico Mundial marcado para 22 de maio a 2 de junho e que debaterá como fortalecer os serviços de clima e de meteorologia. Dentre as prioridades estão sistemas de alerta precoce para proteger as pessoas dos desastres naturais.
 

Fonte: ONU News