A mudança na presidência da Câmara Municipal de Marília, que será comandada pelo vereador Eduardo Nascimento (PSDB), pode culminar com desdobramentos para o início de 2023. Ninguém fala abertamente, mas alguns vereadores do grupo de Nascimento teriam “pedido a cabeça” de nomes da atual Administração Municipal. O prefeito Daniel Alonso (sem partido) negou qualquer pressão do Legislativo, afirmando não ocorrer retaliação de nenhum dos lados.
O Marília Notícia conversou com vários vereadores, secretários, pessoas que fazem parte da Administração Municipal e outras que acompanham de perto o trabalho legislativo. Alguns preferiram comentar a atual situação em sigilo, com receio de possíveis represálias.
Uma dessas fontes, que pediu para não ter o nome divulgado, contou que o presidente Eduardo Nascimento, Rogerinho (PP) e o vereador Junior Féfin (União) são atualmente os principais articuladores do grupo que elegeu o novo presidente da Câmara.
“Desse grupo de seis vereadores que elegeram o presidente, talvez o Eduardo, o Rogerinho e o Féfin possam ter essa postura de pedir alguma cabeça. O Eduardo tem um problema com o Gastão e o Féfin com praticamente todo mundo. A Wania Lombardi, da Assistência Social, e o Cássio Luiz Pinto Junior, costumam ser criticados. O Alysson Alex, assessor especial, também pode ser alvo”, afirma uma pessoa que pediu para não ter o nome divulgado.
Essa fonte acredita que o vereador Rogerinho, que hoje exerce grande influência no Departamento de Água e Esgoto de Marília (Daem), é quem mais vai perder no ano que vem, com a privatização da autarquia.
“Acredito que ele deve perder a influência no Daem e vai querer um nome da sua confiança na Codemar. O Eduardo deve continuar batendo no Gastão e no Alysson. O Féfin acho que não tem ninguém pra indicar. Na Câmara já limparam o quadro de confiança do Rezende. Fizeram uma limpa, tiraram o cara da TV Câmara e o Ronaldo Medeiros será o próximo a assumir”, conta.
O vereador Danilo Bigeschi (PSB) afirmou não saber de qualquer pedido de interferência da Câmara no Executivo. Mesmo posicionamento do vereador Evandro Galete, que está em viagem e afirmou chegar nesta quinta-feira (29) à Marília, do vereador Marcos Rezende (PSD), que está deixando a presidência da Câmara, do vereador Ivan Negão (PSB), e da vereadora Vânia Ramos (Republicanos).
“Desconheço qualquer pedido de interferência. A expectativa para esse próximo ano, com a nova presidência, é de que a Câmara tenha maior independência”, diz Danilo Bigeschi.
Um integrante próximo da Câmara dos Vereadores afirmou que o prefeito Daniel Alonso precisa se preocupar, pois tem duas contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas.
“O Eduardo não brinca em serviço. Para derrubar essas contas rejeitadas, o prefeito vai precisar de nove votos. O prefeito precisa aprender que o Alysson e Levi Gomes, chefe de Gabinete, não servem para articulação política. O Levi nunca foi líder de nada. Apesar do tamanho, ele é truculento e costuma ameaçar. Queria tirar os cargos ligados a vários vereadores. Foi convencido de manter, senão o Executivo não aprovaria nem nome de rua”, afirma.
O ex-secretário da Fazenda e atual chefe de Gabinete, Levi Gomes de Oliveira, afirmou estar tranquilo com a mudança na Câmara. Ele disse que esse movimento no legislativo é natural e sempre aconteceu.
“Estou absolutamente tranquilo. Este negócio de vereador ‘pedir cabeça’ de secretário sempre existiu, portanto não nos preocupa. Não tenho problemas com vereadores. Apenas falo sempre o que penso, pois tenho caráter, coisa que nem todos têm”, afirma Levi Gomes, reconhecido por sua competência na área de finanças, fato que fez com que Daniel confiasse em seu trabalho.
Um nome da Administração Municipal, que pediu para não ter o nome divulgado por medo de represálias, contou que existem ameaças e que alguns vereadores estão pedindo a cabeça de integrantes do alto escalão da Prefeitura de Marília.
“Pela frente o discurso é lindo. De paz e harmonia entre os poderes, com união, sem perseguição, mas por trás é bem diferente. Tem ameaça, retaliação, recado pedindo a cabeça de um monte de gente. O ambiente nos bastidores é o pior possível”, afirma a pessoa que pediu para não ter o nome divulgado.
O vereador Rogerinho disse que ainda não teve oportunidade de conversar com o prefeito Daniel Alonso. Ele contou que estiveram juntos em Brasília, mas com outra pauta, em busca de recursos para a cidade.
“Ainda não conversamos com o prefeito sobre isso (mudanças), pois estive em Brasília com ele, mas sobre um recurso que estamos atrás já há um tempo. No começo do ano devemos falar novamente com o Daniel e dialogar. No que for bom pra cidade, o grupo quer estar junto”, conta o vereador.
O secretário municipal de Esportes, Lazer e Juventude, Gastão Lucio Rodrigues Pinheiro Junior, citado como possível alvo da Câmara, afirmou não estar preocupado com a situação. Ele disse que segue trabalhando normalmente, sem entrar em demandas políticas.
“Eu estou trabalhando muito, inclusive resolvendo demandas que o prefeito pediu, sobre o MAC, Neusa Galetti, karatê, judô e tênis de mesa. Estou tranquilo. O cargo de confiança é do prefeito e quem define é ele. Independente de qualquer murmurinho, eu vou continuar trabalhando o meu máximo, para fazer o melhor por Marília”, afirma o secretário.
Um dos nomes citados como possível alvo da Câmara disse, em condição de anonimato, não saber de nenhuma movimentação em torno de mudança na sua pasta.
“Para falar a verdade, não. Faço meu trabalho técnico e realizo de acordo com metas traçadas em equipe. O prefeito está satisfeito e tem confiança no meu trabalho. Respeito muito a Câmara e sigo trabalhando”, conta.
Na última terça-feira, dia 20, o prefeito Daniel Alonso e os vereadores Rogerinho e Eduardo Nascimento estiveram em Brasília-DF, com o objetivo de buscar recursos para Marília. Eles se reuniram com o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, ambos do PP.
Alonso foi procurado pelo Marília Notícia e se mostrou tranquilo com a atual situação. Ele contou que teve uma conversa com Eduardo Nascimento logo após sua eleição para a presidência da Câmara, no sentido de manter o diálogo e o respeito entre os Poderes.
“Esperavam retaliações por parte do Executivo ou do Gabinete para com alguns vereadores e isso não aconteceu, para que haja esse diálogo e o respeito. É uma relação de maturidade. Essa é a proposta. Se não teve retaliação do Executivo pra lá, não pode ser o contrário também”, afirma Daniel Alonso.
O prefeito reafirmou que sua intenção é a construção de uma ponte com o Legislativo. Sobre possíveis mudanças na Administração Municipal, ele disse ser natural que ocorram, mas não por influência ou interferência política.
“Claro que sempre ocorrem mudanças no governo e vão acontecer nos últimos dois anos, mas não tem nada a ver com pedido de vereador. Mudanças sempre ocorrem, igual em um time de futebol, que o técnico sempre mexe, remanejando peças, para obter melhor resultado. O objetivo de qualquer mudança é ter o melhor desempenho, harmonia, performance e entrosamento”, finaliza o prefeito.
Fonte: marilianoticias