Final de ano é época de aumento dos casos de dengue em todo o país, devido ao maior período de chuvas e de calor – situação ideal para os mosquitos se multiplicarem. Com objetivo de ampliar o combate à dengue o Governo do Estado lançou, no dia de hoje, 18 de dezembro, a campanha Dengue Mata, que estimula a população paranaense a tomar atitudes para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti.
Confira todas as ações da campanha.
Para combater o problema em Londrina, diversos professores da UEL têm realizado pesquisas multidisciplinares que envolvem os Centros de Ciências Biológicas (CCB), Exatas (CCE) e de Educação, Comunicação e Artes (CECA). Algumas pesquisas são mais práticas, com a criação de aplicativos e histórias em quadrinhos (HQs), e outras fazem a identificação dos focos e propõem soluções simples e eficientes para acabar como Aedes aegypti – que transmite os agentes que causam dengue, zika e chikungunya.
Segundo o professor João Zequi, do Laboratório de Entomologia Geral Médica, do Centro de Ciências Biológicas (CCB), que encabeça diversas atividades e pesquisas sobre o tema, a forma mais eficiente de combater o Aedes é adotar ações preventivas. “Uma boa limpeza do quintal é o que a população precisa fazer”, orienta. Por este motivo, foi desenvolvido o aplicativo Combate ao Aedes, para colaborar com a busca dos focos do mosquito dentro e fora de casa. Como um checklist, o app permite fazer histórico das verificações e acompanhar as atividades mês a mês. O app é gratuito e está disponível no Google Play.
A produção é interdisciplinar pelo Grupo de Desenvolvimento Móbile, que envolve os professores Jacques Brancher, do Departamento de Computação, o próprio João Zequi, do Departamento de Biologia Animal e Vegetal, e Paula Nappo, do Departamento de Design. Participaram também da elaboração estudantes dos cursos de Ciências da Computação e de Design Gráfico.O aplicativo deriva de um checklist físico elaborado pelo Grupo de Trabalho de Vigilância e Controle do Aedes na UEL (GT Aedes), que desde 2015 realiza diversas ações. No próprio Campus da UEL, por exemplo, o GT realiza monitoramento de 13 pontos para controle do mosquito.
A coleta de dados para o Índice de Densidade de Ovos usa a ovitrampa, um tipo de armadilha, sensível para medir o grau de infestação do Aedes. A armadilha consiste em um recipiente de plástico preto, com substância líquida para atrair a fêmea do mosquito, que deposita seus ovos em uma paleta. Com esse método é possível verificar e positivar a presença de indivíduos e sua densidade no local, ou seja, a quantidade de ovos em um determinado ponto.Diversos outros materiais foram elaborados para promover a educação e o combate ao mosquito causador da dengue, entre eles três Histórias em Quadrinhos (HQs), pela Liga de Combate ao Aedes, coordenada pela professora Paula Napo . Foram impressos 25 mil exemplares das histórias “Todos contra o Aedes”, que atende a faixa etária de 6 a 12 anos.
O material foi distribuído para a Secretaria de Educação de Londrina, em fevereiro deste ano.Outros 50 mil exemplares foram impressos dos HQs “Tão Fácil”, direcionado aos adolescentes de 13 a 17 anos, e “O que não fiz”, produzido para faixa etária acima de 18 anos. João Zequi conta que eles foram distribuídos até para o Ministério da Saúde, em Brasília, onde ele atua com outros grupos nacionais que pesquisam o Aedes aegypti.
Controle – Coordenado pelo professor João Zequi, o projeto de pesquisa “Inovação em produtos de controle e repelência do vetor e no monitoramento de arbovírus” identificou que o mosquito tem se tornado resistente aos inseticidas comerciais e, ao mesmo tempo, propôs a criação de um bioinseticida para o controle.Como parte do projeto, a pesquisa de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular, da estudante Thayna Bisson Ferraz Lopes, orientada pela professora Renata da Rosa, do Departamento de Biologia Geral, mostrou que Londrina registra em todas as regiões da área urbana a presença do mosquito Aedes aegypti resistente ao piretróide, composto químico presente nos inseticidas comerciais, disponíveis em supermercados e farmácias. A pesquisa na íntegra pode ser acessada neste link.
Já o desenvolvimento do bioinseticida tem abrangência estadual e na UEL conta com a colaboração dos professores Gislayne Trindade Vilas Bôas e Laurival Antonio Vilas Bôas, ambos do Departamento de Biologia Geral. Ele é produzido de forma artesanal e apresenta duas formulações: comprimido e pó.Conforme João Zequi, o bioinseticida pode ser usado em reservatórios de água com difícil acesso, que impede a eliminação de larvas do Aedes. “Mesmo que seja em caixa d’água para consumo humano. O bioinseticida usa materiais inertes a partir de produtos naturais, conforme recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde)”, destaca Zequi.
O produto age por até oito semanas e elimina as larvas. “É um produto biológico, seletivo, porque mata somente a larva do Aedes e não afeta a fauna associada” (peixes e outros insetos, como libélulas, por exemplo). Além do mosquito da dengue, o bioinseticida elimina o culex (pernilongo comum).
Fonte: Agência UEL