Facção alvo de operação movimentava cerca de R$ 280 mil por mês em contas bancárias de novos integrantes

Polícia prende 36 pessoas que emprestavam contas bancárias para lavar dinheiro do tráfico.

Os integrantes do PCC que foram alvo de operação realizada pela Polícia Civil nesta quarta-feira (3) movimentavam cerca de R$ 280 mil por mês por meio de contas bancárias fornecidas para lavagem de dinheiro, de acordo com o delegado Pablo França, que coordenou a operação.

A operação Welfare cumpriu nesta quarta 38 mandados de prisão. Até o fim da tarde 36 pessoas foram presas, sendo 20 mulheres e 16 homens. A ação também cumpriu 46 mandados de busca e apreensão em unidades prisionais. Foi determinado o bloqueio de 38 CPFs. Foram apreendidos cartuchos, dinheiro e telefones celulares.

O esquema do grupo consistia em cooptar novos membros para a facção que age dentro e fora dos presídios e, em troca de ajuda financeira, os novos integrantes forneciam contas bancárias para lavagem de dinheiro.

Segundo França, as pessoas que ofereciam suas contas bancárias eram de confiança, indicadas por membros da facção. Elas ofereciam suas contas em troca de salários, que variavam entre R$ 500 a R$ 2 mil, ou de favores, como por exemplo, pagamento de aluguéis ou tratamentos dentários. A célula criminosa chamada de “sintonia de ajuda” funcionava em 7 presídios e 2 centros de detenção provisória.

“As pessoas que emprestam as contas têm um salário da facção, elas procuram a facção, cedem as contas e recebem mensalmente o valor. Essas pessoas têm esse benefício fixo na certeza, até então, da impunidade, porque o máximo que acontecia era no sistema de segurança bancário, se fosse identificada uma movimentação suspeita, era o bloqueio da conta”, disse o delegado em entrevista coletiva.

A polícia acredita que o serviço auxiliava a facção criminosa a lavar o dinheiro proveniente do tráfico de drogas e que o esquema beneficiava centenas de pessoas.

“Para organização criminosa, se você recebe um único benefício em algum momento você passa a ser um prestador de serviço, aí há a dificuldade de sair da organização, porque você vira uma prestadora de serviço de maneira eterna”, diz França.

Segundo o delegado, muitas pessoas foram aliciadas por presos que as apresentavam aos gerentes dos presídios, pessoas determinados pela organização para gerenciar os interesses da organização dentro do presídio.

Os presos vão responder por tráfico, associação para o tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Quem emprestou a conta bancária também será responsabilizado.

Esta ainda é a primeira fase da operação. As investigações começaram há 6 meses, mas os policiais analisam documentos de datas anteriores. Depoimentos apontam que as operações começaram em 2013. O envolvimento de servidores públicos ainda não foi verificado.

Por Beatriz Magalhães, G1 SP