Garça conquista “Indicação Geográfica do Café”: qualidade reconhecida

Agora a frase “Café da Região de Garça” vai além de dizer que o café é da Sentinela do Planalto, ou bem mais que uma expressão bairrista, recheada de orgulho.

Agora a frase “Café da Região de Garça” vai além de dizer que o café é da Sentinela do Planalto, ou bem mais que uma expressão bairrista, recheada de orgulho. É fato que os grãos sustentaram a economia garcense e ainda hoje mostra o seu potencial, mas a cidade conquistou a Indicação Geográfica (IG) do café pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), confirmando as características únicas do café, ligadas aos fatores natural e humano. 

“É, sem dúvidas, uma conquista memorável para a cidade, para a valorização da cultura cafeeira, para a nossa economia. Garça tem sua história na cafeicultura e vem se aprimorando, apresentando grãos de muita qualidade, produtos de exportação. De reconhecimento mundial”, disse o presidente da Associação Comercial e Industrial de Garça – ACIG, Mauro José de Sá.

Do ramo da indústria, Mauro reconhece o crescimento da cafeicultura e sua importância na cidade, bem como a conquista do registro de Indicação Geográfica (IG). 

“O café da Região de Garça passa a figurar entre polos importantes. A obtenção desses registros exige caracterizações técnicas do produto e de sua região, trabalho executado pela pesquisa científica. A busca pelo IG mostra o interesse dos produtores de café pela distinção de seus produtos. Isso é muito bom”, falou o dirigente comentando que a primeira região produtora de café reconhecida foi a Região do Cerrado Mineiro, sendo a segunda IG brasileira, com o registro de Indicação de Procedência concedido pelo Inpi em abril de 2005. Depois vieram a Região da Serra da Mantiqueira, também em Minas Gerais, seguida pelo Norte Pioneiro do Paraná, Alta Mogiana e Região do Pinhal (ambas em São Paulo), Oeste da Bahia e Campo das Vertentes e Região das Matas de Minas (MG). 

Segundo o dirigente, a Indicação Geográfica contribui para a preservação da biodiversidade, do conhecimento e dos recursos naturais. 

“Como eu disse, isso traz contribuições extremamente positivas para a economia local e para o dinamismo regional”, frisou ele.

Café especial 


O termo “indicação geográfica” foi se firmando quando produtores, comerciantes e consumidores começaram a identificar que alguns produtos de determinados lugares apresentavam qualidades particulares, atribuíveis à sua origem geográfica, e começaram a denominá-los com o nome geográfico que indicava sua procedência.

A Indicação de Procedência (IP) está ligada ao termo “savoir-faire”, ou seja, o saber fazer. Seria algo como o know-how, muito utilizado no mundo dos negócios para definir a habilidade ou conhecimento em uma área de atuação. E a Denominação de Origem (DO) requer a comprovação científica de que as condições geográficas do local, como solo, clima e topografia, garantem qualidades específicas a determinado produto ou serviço.

Ao conceder o registro para a cidade, o INPI colocou em sua conclusão que “A Região de Garça é um dos maiores polos produtores de café do estado de São Paulo e a história de seu desenvolvimento está intimamente relacionada à cafeicultura, praticada por mais de 400 famílias só dessa região. Os municípios que compõem a Região de Garça compartilham história, tradição e cultura no mercado de café”

“Com essa conquista, a Região de Garça terá mais visibilidade permitindo que os Inpe produtores desenvolvam ações de promoção dos seus produtos, com potencial de agregação de valor, podendo alcançar mercados específicos, movimentar o turismo e a gastronomia local, entre outros potenciais benefícios”, comentou Mauro.

Ainda segundo o INPI, “a Região de Garça tem mais de 100 anos de história na cafeicultura. Os cafés que são produzidos na área delimitada da IP abastecem o mercado interno, fazendo parte da composição de várias marcas e blends, e também são exportados para mais de 20 países ao redor do planeta. Dessa forma, pode-se afirmar que a região possui papel estratégico na exportação paulista de café, tendo alcançado, em 2009, seu recorde histórico de exportação”. 

O Instituto cita ainda que “a partir de 2018, passou a ser realizado o Concurso de Cafés Especiais da Região de Garça, com o objetivo de fomentar e valorizar a produção de cafés especiais da região. Trata-se do único concurso de qualidade de café na região e sua realização tem contribuído para aumentar ainda mais a visibilidade da Região de Garça no mercado cafeicultor. Importante ressaltar que os documentos deixam claro que o nome geográfico “Região de Garça” é conhecido pela produção de café, sendo essa grafia predominante em documento de cunho técnico, como fica demonstrado abaixo”.

Também é lembrado que a microrregião de Garça conta com 1,2 mil produtores e 30 mil hectares produtivos (de café).

Pedido foi feito pelo Conselho Do Café Da Região De Garça – SP (CONGARÇA) 


Em outubro de 2020 o Conselho Do Café Da Região De Garça – SP (CONGARÇA) entrou com o pedido para que a Indicação Geográfica da Região de Garça acontecesse.  Ao delimitar a área geográfica, o CONGARÇA colocou que a indicação de procedência da Região de Garça está situada no centro-oeste paulista e se configura por um conjunto de 15 municípios do estado de São Paulo: Garça, Gália, Vera Cruz, Marília, Alvinlândia, Álvaro de Carvalho, Duartina, Cafelândia, Pirajuí, Júlio Mesquita, Guarantã, Ocauçu, Lupércio, Lucianópolis e Fernão.

E a decisão do Instituto Nacional da Propriedade Industrial, em 17 de novembro último foi:

“recomendamos a CONCESSÃO do pedido de registro e expedição do certificado de reconhecimento do nome geográfico “REGIÃO DE GARÇA” para o produto CAFÉ da espécie coffea arábica nas seguintes condições: em grãos verdes (café cru), em grãos torrados e em grãos torrados e moídos como INDICAÇÃO DE PROCEDÊNCIA (IP)…”

Fonte: garcaonline