Porto Alegre e Pelotas recrutam voluntários para novo subestudo da vacina da dengue do Butantan

Pesquisa será realizada no sul por ter uma população pouco exposta ao vírus da dengue; casos da doença estão em alta

Um novo subestudo para avaliar a resposta imune de três diferentes lotes de produção da vacina da dengue do Instituto Butantan será iniciado em junho nas cidades de Porto Alegre (RS) e Pelotas (RS). A pesquisa será randomizada e faz parte do ensaio clínico de fase 3, que é o estudo principal do imunizante e que está em andamento desde 2016. 

Está previsto o recrutamento de 700 participantes homens e mulheres sadios ou com doença clinicamente controlada, com idade entre 18 e 59 anos completos. Em Porto Alegre, eles participarão da pesquisa no Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), e em Pelotas, no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. Os participantes devem concordar com contatos periódicos por telefone, meios eletrônicos e visitas presenciais nos centros de pesquisas e, se necessário, visitas domiciliares em um período de 52 semanas.

Não poderão participar do subestudo mulheres gestantes e lactantes ou que desejam engravidar nos próximos três meses a partir da data de entrada da participante, pessoas com doenças crônicas sem o devido controle ou que usem medicamentos que comprometem o sistema imunológico, e pessoas que já participam de outro estudo clínico. 

Os participantes receberão uma dose do imunizante de um dos três lotes da vacina, ou de placebo, e serão acompanhados até a visita da semana 52 do protocolo. Os pesquisadores farão a avaliação da consistência da vacina, comparando os títulos de anticorpos neutralizantes aferidos no 28º dia após a aplicação da vacina. 

O diretor médico do Instituto Butantan, Wellington Briques, destaca que a pesquisa precisa ser realizada em uma população que está minimamente exposta ao vírus da dengue, como acontece nas cidades gaúchas, embora os números de casos tenham aumentado neste ano. 

“No Sul é onde a gente tem uma maior probabilidade de achar pessoas que nunca foram expostas ao vírus da dengue e, com isso, conseguimos avaliar a resposta imune da vacina. Essa resposta imune vai mostrar se os diferentes lotes da vacina são equivalentes entre si e, em conjunto com os dados do estudo principal, demonstrar se a vacina impede a pessoa de ter uma dengue sintomática”, afirma Briques. 

A vacina usa a técnica de vírus atenuado contra a dengue, utilizando vírus enfraquecidos que induzem a produção de anticorpos sem causar a doença e com poucas reações adversas. Ela será tetravalente e vai proteger a população dos quatro tipos de dengue.

Aumento de casos 

Segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, até abril foram registrados 542.038 casos prováveis de dengue no Brasil e confirmados 160 óbitos. Em comparação com o ano passado, houve um aumento de 113,7% de casos registrados para o mesmo período. Em abril, a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS) divulgou uma nota de alerta máximo para casos de dengue no estado. Em 2022 já foram confirmados 13.881 casos e 12 mortes pela doença no estado, números superiores aos dados do ano inteiro de 2021. 

A dengue é uma doença infecciosa viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que causa febre alta, dores no corpo, dor de cabeça e náuseas. 

Participar do subestudo da fase 3 da dengue é importante para comprovar a eficácia da vacina, que vai proteger a população brasileira. Além disso, é uma vacina de produção 100% nacional e é uma oportunidade para que os participantes façam parte da história da ciência do Brasil.

Fonte: instituto Butantan