A percepção de falta de fiscalização, com relaxamento das restrições e distanciamento social, compromete os apelos das autoridades para a prevenção da Covid-19.
Em Marília, postagem do secretário municipal da Saúde, Cássio Luiz Pinto, em rede social, causou repercussão nesta quarta-feira (9).
“Por favor, nos ajudem a alertar a população! Os casos têm aumentado e o perfil dos positivos tem agora um público mais jovem também. De ontem para hoje tivemos muitas internações tanto em leitos de UTI como de enfermaria (de Marília e toda região), o que leva a um estado de alerta”, escreveu Cássio.
Muitos internautas citaram aglomerações recentes na cidade, mencionaram eleições – com caminhadas e abraços –, filas em bancos e eventos.
O Marília Notícia mostrou que, no domingo (6), partida de futebol da várzea teve arquibancada lotada, com a grande parte do público sem máscara e nenhum distanciamento físico.
“A população precisa evitar aglomerações e festas, principalmente as (festas) familiares que são realizadas em condomínios fechados (verticais, horizontais e de chácaras) onde temos grande dificuldade de fiscalização”, escreveu o secretário.
Cássio escreveu ainda que a fiscalização – de posturas, sanitária e Polícia Militar – será intensificada.
Em resposta ao episódio envolvendo o varzeano, a Prefeitura anunciou que fará reunião com os organizadores, para cobrar protocolos. Na semana passada o poder público também realizou reunião com o segmento de bares e restaurantes.
Apesar das ações, parte dos internautas veem certa permissividade nos órgãos de governo.
“A Prefeitura precisa fiscalizar e autuar estabelecimentos, ligas de futebol, instituições e empresas que promovem aglomerações e não fingir que a culpa é somente do cidadão”, escreveu um internauta, em resposta ao secretário.
Em contraponto, outra usuária da rede social alertou: “A população tem que parar de jogar a responsabilidade somente no poder público e assumir suas responsabilidades, ninguém vai amarrado a festas, jogos, bares, muita gente sem amor próprio e ao próximo. Sem colaboração o Brasil como um todo vai colapsar”.
Números da realidade
Dados divulgados ontem pela Secretaria Municipal da Saúde apontam que a cidade tem atualmente 45 pessoas internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e 27 em leitos clínicos.
Há 15 dias, eram 38 em terapia intensiva e 26 em leitos com suporte básico. Há um mês, eram 27 em UTIs e 29 internados em leitos clínicos.
Relaxamento
O chefe da Divisão de Posturas da Prefeitura, Juliano Bataglia, nega que tenha havido relaxamento da fiscalização.
Segundo ele, com a reabertura, o trabalho deixou de ser visto. “Quando vamos e fechamos, as pessoas veem nossos fiscais. Quando tudo está aberto, mas com as restrições, quem está no dia a dia do estabelecimento, é a Vigilância Sanitária”, explicou.
Bataglia afirma que as denúncias sobre festas particulares e eventos têm sido raras, e a maioria não se confirma. Ele disse ainda que duas intervenções estão sendo feitas.
“Tivemos uma conversa com o setor de bares. Para que não tenha que fechar e complique para todo mundo, pedimos que se conscientizem para respeitar distanciamento e horário. Na verdade são só alguns estabelecimentos, a maioria respeita. Também estamos trabalhando nessa questão do futebol amador”, garantiu.
Ficou estipulado, segundo ele, que os bares e restaurantes devem funcionar das 18h à meia noite. A fiscalização vai tolerar o fechamento total até 1h da madrugada, considerando que os funcionários precisam de até 60 minutos para recolha de cadeiras e dispersão dos últimos clientes.
Segundo a Prefeitura de Marília, as fiscalizações de Vigilância Sanitária somam cerca de 2 mil desde o início da pandemia, com 300 autos de infração.
Já a Divisão de Posturas, que conta com 18 fiscais, totalizou 1,8 mil notificações e 12 autuações, com festas em chácaras e academias como os principais infratores.
Fonte: marilianoticias