Santa Casa recebeu 10 respiradores, mas seguem sem uso
O que era para ser comemorado virou ponto de discórdia entre a Santa Casa de Misericórdia, Governo do Estado e Prefeitura de Presidente Prudente. Sem monitores, 10 respiradores pulmonares seguem sem uso no hospital. O secretário municipal de Saúde, Valmir da Silva Pinto, rebate a afirmação da esfera estadual de que o município é obrigado a custear o restante dos itens.
Na semana passada, o Estado enviou respiradores pulmonares à Santa Casa visando a ampliação da estrutura de atendimento aos infectados por coronavírus. Contudo, os equipamentos não podem ser usados.
De acordo com o hospital, faltam os monitores cardíacos para a adequação dos leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Além disso, o hospital também necessita do credenciamento dos leitos junto ao Estado.
‘Já fez muito’
Para o Estado, compete à Santa Casa providenciar os monitores para os leitos. Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde diz que enviou R$ 3,8 milhões para o município, que devem ser usadas em iniciativas voltadas ao enfrentamento da pandemia. Contudo, equivocou-se ao afirmar que o hospital está sob gestão municipal.
“Cabe destacar que o Governo também repassa R$ 2,7 milhões mensalmente por meio de convênios à entidade, para auxiliar na assistência. A entidade está sob gestão municipal, e o Estado também repassou R$ 3,8 milhões para iniciativas voltadas ao enfrentamento da pandemia de Covid-19”, afirma.
Por último, promete dar suporte ao hospital para pleitear habilitação ao Ministério da Saúde após a ativação dos leitos de UTI.
Desmentiu o Estado
Diferentemente do que propaga o Estado, o secretário municipal de Saúde, Valmir da Silva Pinto, diz que a Prefeitura recebeu apenas R$ 1.816.576,00 em abril. De lá para cá, nenhum centavo a mais, sendo que o valor é destinado para uso específico e não pode ser empregado para compra de monitores.
“Do dia 16 de março até 15 de junho, tudo que nós recebemos para combate ao coronavírus foram exatos R$ 1.816.576,00. Nós recebemos no começo de abril, no dia 3. Não é verdade que o Estado mandou para a Prefeitura de Prudente R$ 3,8 milhões. Longe, mas muito longe disso”, retrucou.
O secretário diz que a distorção dos fatos coloca o município em situação “bastante complicada”. “Lamento esse tipo de informação que vem do Estado e já percebi que todas as vezes que tem dúvida a resposta vem por texto de assessoria de São Paulo. Nem sempre representa a realidade. Isso sempre causa transtornos, brigas aqui embaixo. Sempre jogando o município em situação bastante complicada, pois o cidadão não quer saber de quem é a responsabilidade. Ele quer que o serviço seja prestado e a gente não tem condição de prestar serviço que é de responsabilidade do Estado”, frisa.
“Nós não temos hospital nenhum sob a gestão do município. O município de Prudente perdeu, lá no governo do ex-prefeito Agripino de Oliveira Lima Filho, a gestão plena da saúde e, a partir deste momento, temos apenas a atenção básica. Então, o que nós recebemos do Estado e do Governo Federal é apenas para atenção básica”, reforça.
Segundo ele, todas as despesas e receitas relativas ao combate ao coronavírus estão lançadas no Portal da Transparência da Prefeitura. “Desse valor, essa verba vem carimbada. Não é gastar no que precisar, não é assim. R$ 1.089.945,60 vieram só para a prestação de serviços. Eu só posso gastar comprando serviço. Então, nós compramos testes, que são caros, para fazer na população, além de outros serviços”, explica.
“Os outros R$ 726.630,40 só posso utilizar como consumo, como máscara, luvas, EPI [Equipamento de Proteção Individual] , que são trocados diariamente. E isso nós já compramos aos nossos servidores”, fala o secretário.
Está indignado
Valmir da Silva Pinto nega que o Estado tenha repassado valores para compra de equipamentos. Esse é o dinheiro que o Estado mandou [sobre o valor exposto no início]. Em instante algum, o Estado mandou dinheiro para a compra de equipamentos ou de bens. Eu nem poderia utilizar esse R$ 1,8 milhão para comprar bens, se não teria que pagar isso daí”.
Como em abril, precisando de dinheiro para comprar EPI, com valor triplicando, eu poderia imaginar que lá em junho o Estado iria mandar 10 respiradores para Prudente, e que esses equipamentos viriam sem monitores. Além de que teria que comprar monitores para eles funcionarem? Um absurdo. Prefeitura nenhuma comprou monitor. Quem iria investir em monitores na expectativa de receber respiradores para aumentar leitos de UTI?”, questiona.
“Eu fico indignado com essas coisas, tentando responsabilizar os municípios. Poxa, não é assim que se faz. Está errado, e muito. O que o Estado pode fazer por nós? É liberar os leitos de UTI que estão prontos no Hospital do Câncer. Isso, sim, reverteria em benefício da sociedade”, finaliza.
Fonte: portalprudentino, por ROGÉRIO MATIVE