O ex-provedor da Santa Casa de Presidente Venceslau, Antônio José Aldrighi dos Santos, foi preso no fim da tarde desta quarta-feira (20) por equipes da Polícia Civil na cidade de Presidente Prudente. Ele havia sido condenado a 06 anos e meio de prisão em primeira instância em abril de 2017 e estava recorrendo em liberdade, no entanto, a condenação foi confirmada em segunda instância pelo Tribunal de Justiça de São Paulo e Antonio José irá cumprir pena por irregularidades cometidas enquanto provedor da Santa Casa. O caso foi investigado pelo delegado Éverson Aparecido Contelli em 2016 no âmbito da operação Sanctorum.
Além de Antonio José, foi preso também em Presidente Prudente pela Polícia Civil na tarde de hoje o empresário Gilmar Aparecido Alves Bernardes. Ele fazia parte do esquema de desvios de verbas de emendas parlamentares de deputados estaduais e federais, com a compra superfaturada de equipamentos médico-hospitalares. Gilmar foi condenado a pena de sete anos e sete meses de reclusão.
Os dois presos foram conduzidos pela Polícia Civil para a Cadeia Pública de Presidente Venceslau e serão transferidos para presídios onde irão cumprir pena, ambos em regime semi aberto. Gilmar chegou na Delegacia de Presidente Venceslau na tarde desta quarta-feira (20).
O caso
A Operação Sanctorum foi deflagrada pela Polícia Civil de Presidente Venceslau em junho de 2016 e prendeu, na época, cinco homens acusados de participarem de um suposto esquema de desvio de verbas de emendas parlamentares de deputados estaduais e federais com a compra superfaturada de equipamentos médico-hospitalares. As verbas parlamentares eram destinadas à compra de equipamentos, mas esse dinheiro precisava ser gasto com as empresas indicadas pelo esquema, sendo estas instituições de fachadas e em nome de “laranjas”.
Quatro envolvidos com a Operação Sanctorum foram presos no dia 2 de junho de 2016. Luiz Antônio Trevisan Vedoin e Ronildo Pereira de Medeiros estavam em Cuiabá (MT), Gilmar Aparecido Alves Bernardes, em Presidente Prudente, e Denivaldo Mateus de Lima, em Aparecida de Goiás (GO). Porém, Lima foi liberado no dia 6 de junho. No mesmo dia, o provedor afastado da Santa Casa de Presidente Venceslau, Antônio José Aldrighi dos Santos, também foi preso temporariamente. Ele estava em um prédio comercial, no Centro da cidade, quando a equipe policial cumpriu o mandado de prisão.
A “Operação Sanctorum” revelou, em 2016, a compra superfaturada de equipamentos médico-hospitalares e esquemas de desvio de verbas oriundas de emendas parlamentares destinadas a hospitais beneficentes. O líder da organização criminosa foi identificado como Luiz Antonio Vedoin. Só para a Santa Casa de Presidente Venceslau foram prometidos R$ 2,8 milhões em emendas parlamentares, sendo efetivamente liberados R$ 800 mil, entretanto nenhum equipamento chegou ao estoque da Santa Casa.
As investigações apontaram ainda que o grupo criminoso passou a ameaçar de morte o provedor da Santa Casa de Presidente Venceslau assim que soube que o pagamento inicial destinado a esse hospital teve sua natureza jurídica alternada pelo Governo do Estado de São Paulo, para verba de custeio (o que impossibilitaria a compra de equipamentos, remédios). Após o efetivo repasse desse numerário, Ronildo Pereira passou a enviar equipamentos, simulando notas de doações emitidas pela empresa Prote-News Comércio de Equipamentos Hospitalares LDTA. Contudo, apurou-se que essa empresa nunca existiu fisicamente no endereço que indicava perante a vigilância sanitária de sua sede (Carapicuiba-SP). Vedoin atuava como sócio de fato das empresas fornecedoras de produtos superfaturados, registradas em nome de terceiros.
Durante a investigação policial, houve notícias de que para dificultar a investigação Vedoin alternava constantemente de chip do aparelho celular. “Em conluio com os demais representados, vem coagindo o provedor da Santa Casa local a atender seu intento, indicando formas de conferir aparência de legalidade ao regresso a seu bel prazer do dinheiro público oriundo de emenda parlamentar (o que já ocorreu em parte)”, diz trecho da denúncia do MPE/SP.
Fonte:portalbueno