Butantan pretende conseguir no 2º semestre aprovação da Anvisa para produzir vacina contra dengue

Butantan-DV está na fase final de desenvolvimento e estudos preliminares mostram 79,6% de eficácia

O Instituto Butantan está na fase final de testes de uma vacina contra a dengue e pretende buscar, no segundo semestre deste ano, a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para começar a produção. Os estudos da Butantan-DV devem ser finalizados em 2024, quando o último participante completar 5 anos de acompanhamento. A vacina demonstra uma eficácia de 79,6% para evitar a doença, segundo estudos preliminares realizados.

Segundo o instituto, depois da finalização da pesquisa, o Butantan envia um dossiê com o resultado para a Anvisa avaliar e aprovar. Caso tenha alguma inconsistência, a agência notifica o instituto para correção.

A pesquisa da Butantan-DV foi feita no Brasil e acompanhou 16.235 participantes por dois anos. Eles foram escolhidos aleatoriamente para receber a Butantan-DV (10.259 pessoas) ou o placebo sem efeito (5.976 pessoas). Durante o estudo realizado, nenhum dos voluntários sabia qual substância tinha tomado.

Enquanto os participantes foram acompanhados, não foi reportado nenhum caso grave de dengue. A eficácia da Butantan-DV foi maior entre pessoas com histórico de exposição à doença.

Os voluntários tinham entre 2 e 59 anos e a eficiência da vacina variou dependendo da idade, sendo observada uma eficácia maior em participantes de 2 a 6 anos se comparados àqueles de 7 a 17.

A Butantan-DV é tetravalente e protege contra os quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Segundo a pesquisa, a eficácia da vacina para evitar infecções para os tipos 1 e 2, que são os que circularam no Brasil durante os estudos, foi de 89,5% e 69,9%, respectivamente.

O estudo feito pelo Butantan foi publicado no The New England Journal of Medicine, uma das publicações científicas mais importantes do mundo.

Reações

Além da eficácia, o estudo avaliou a frequência de reações adversas de até 21 dias depois da vacinação, seja do placebo ou da Butantan-DV. Entre os voluntários, apenas 3 pessoas tiveram algum tipo de reação grave, o que representa menos de 0,1% do total, e eles se recuperaram totalmente.

Casos de dengue

O Brasil registrou 243.721 casos prováveis da doença nas primeiras quatro semanas do ano. 24 pessoas morreram pela doença e outros 163 óbitos estão sob investigação.

O Distrito Federal é a unidade da federação com maior taxa de incidência, com 1.108 casos por 100 mil habitantes. Minas Gerais tem o segundo mais índice, com 384 casos por 100 mil habitantes.