Na região de Rio Preto são 21 cidades. Alerta divulgado pela Secretaria de Saúde
Parece título de filme de terror, mas é a realidade da região: pouco tempo após o fim da epidemia de dengue, 21 municípios da região, inclusive Rio Preto, estão em situação de alerta para as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti – dengue, zika e chikungunya. O levantamento foi divulgado ontem (29), pela Secretaria de Estado da Saúde e aponta que em cada residência da região foram encontrados em média dois focos do inseto.
Rio Preto registrou neste ano o maior surto de dengue da história, liderando o ranking entre os municípios paulistas. Com os 91 casos confirmados pela Secretaria Municipal de Saúde nesta sexta-feira, 29, a cidade chegou a 32.835 ocorrências positivas da doença, que nunca se mostrou tão letal: foram 19 óbitos. Dos confirmados, 528 casos foram com sinais de alarme e 28 foram graves; ainda há 204 em investigação.
O Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) divulgado pelo Estado foi realizado pela Sucen entre os meses de julho e setembro. Até 0,9% de larvas é considerado aceitável pelo Ministério da Saúde; de 1% a 3,9% a situação é de alerta e acima desse índice o quadro é considerado de risco. Sete municípios paulistas estão nessa situação, nenhum na região de Rio Preto: Barra do Turvo, Bento de Abreu, São Vicente, Tuiuti, Pedrinhas Paulista, Restinga e Jacupiranga.
Pelo Estado, Rio Preto registra 0,97%, porém levantamento local feito em outubro pela Secretaria Municipal de Saúde apontou que 1% dos imóveis possuíam larvas.De acordo com a Saúde do Estado, os recipientes onde foram encontradas as larvas foram classificados em depósitos elevados (sótãos); depósitos não elevados (porões); móveis (vasos de plantas, garrafas pet, potes plásticos); fixos (calhas, lajes, piscinas e pneus); passíveis de remoção (toldos, entulhos, sucatas) e os naturais (plantas, ocos de árvore, bambu). A maior prevalência de larvas do Aedes é em recipientes móveis.
“Manter o meio ambiente limpo e preservado contribui para a saúde coletiva. Como 80% dos criadouros do Aedes aegypti estão nas residências, pedimos a colaboração de toda a população para combater o mosquito e, assim, garantir a prevenção contra dengue, zika e chikungunya”, diz o Secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann.
Maurício Lacerda Nogueira, professor do Laboratório de Virologia da Famerp e estudioso das doenças transmitidas pelo Aedes, diz que o número de mosquitos não tem relação direta com o número de casos. “Há dois anos nós tivemos o maior Liraa de todos os tempos e não tivemos casos de dengue”, lembra. Em janeiro de 2018, levantamento apontou que 6,7% das residências em Rio Preto tinham larvas do mosquito. Foram registrados 597 casos de dengue naquele ano.
Para uma epidemia ocorrer, além da presença do mosquito, são necessários mais dois outros ingredientes: uma população suscetível e o vírus circulando. Neste ano, o subtipo da dengue que prevaleceu foi o dois, que não provocava um surto há anos, por isso encontrou grande parte da população de Rio Preto e região sem imunidade.
Lacerda acredita que no próximo ano não haverá nova epidemia da doença, devido às proporções da que ocorreu em 2019. “A epidemia de dengue vai ocorrer em outros lugares onde não teve até o momento, ela vai continuar crescendo pelo Brasil nos próximos um ou dois anos.”
Combate
Entre 2 e 7 de dezembro acontece a Semana Estadual de Mobilização contra o Aedes aegypti, que engajará a sociedade civil, municípios e organizações públicas e privadas para um “mutirão” em SP, focado em controlar a proliferação do mosquito.
A Saúde pede a colaboração de toda a população e elenca as principais dicas de prevenção: deixar a caixa d’água bem fechada e realizar a limpeza regularmente; retirar dos quintais objetos que acumulam água; cuidar do lixo, mantendo materiais para reciclagem em saco fechado e em local coberto; eliminar pratos de vaso de planta ou usar um pratinho que seja bem ajustado ao vaso; descartar pneus usados em postos de coleta da Prefeitura.
A Secretaria de Saúde de Rio Preto também divulgou nesta sexta-feira, 29, que a cidade registra neste ano três casos de zika vírus e cinco de chikungunya.
Especialistas acreditam que a dengue não deve aparecer de forma tão forte em 2020. A chikungunya, no entanto, é uma das preocupações – mais grave que o zika, pode levar ao desenvolvimento de um quadro pós-agudo e crônico com dores nas juntas que duram meses ou anos. Também há risco de complicações neurológicas, como toda infecção.
O zika costuma ser mais brando, porém está associado a diversas malformações em bebês, como problemas de audição e microcefalia, que compromete todo o desenvolvimento da criança. Mulheres grávidas e idosos estão mais sujeitos a complicações. Esses riscos aumentam quando a pessoa tem alguma doença crônica, como diabetes e hipertensão, mesmo tratada.